terça-feira, 10 de outubro de 2017

Thelonious Monk chega aos 100

O jazz nunca mais foi o mesmo após o aparecimento do pianista norte-americano Thelonious Monk. No início da década de 1940, Monk mostrou ao mundo uma maneira única de tocar e ajudou Dizzy Gillespie e Charlie Parker a criar o bebop. o resto é história.

Em 2017, o mundo do jazz festeja o centenário do músico, nascido em 10 de outubro de 1917. Ele morreu aos 64 anos, em 17 de fevereiro de 1982.

A excentricidade do toque de Monk, sua inquietação ao se apresentar ao vivo e, é claro, seus inseparáveis chapéus chamativos acabaram criando uma figura, muitas vezes, não compreendida pelos críticos. Mas Monk era Monk. Ela tocava o que sentia e da maneira que queria.

Sua genialidade ficou marcada em hinos do jazz como "Round Midnight", "Epistrophy" e "Blue Monk". Em 2005, uma gravação perdida ao lado do saxofonista John Coltrane, gravada no Carnegie Hall, em 1957, trouxe para as novas gerações todo o espírito inovador de dois gênios do jazz. Ouça abaixo o disco na íntegra.



A discografia de Monk tem momentos marcantes. Além do citado disco com Coltrane, preciosidades como Live At The It Club, de 1964, Monk's Blues, de 1968, ao lado da orquestra comandada por Oliver Nelson, e Brilliant Corners, de 1956, com Sonny Rollins no sax, são gravações fundamentais para se "entender" a obra, a complexidade e a forma única de Monk se expressar.

Em 1988, o filme A Vida e a Música de Thelonious Monk, que em inglês se chama Monk: Straight, No Chaser, mostra cenas inéditas do pianista nos bastidores, no palco e em seu cotidiano. As imagens filmadas por Michael e Christian Blackwood ficaram "hibernando" por anos até que o cineasta Bruce Ricker colocou suas mãos nelas.

Em 2016, o pianista e arranjador John Beasley lançou o projeto MONKestra, que traz a obra de Monk arranjada para uma big bang. Os dois volumes comandados por Beasley foram lançados pela gravadora Mack Avenue. Veja a seguir uma faixa deste CD.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Jazz na Espanha deve muito a Cifu

Por quatro décadas o jornalista francês, radicado na Espanha, Juan Claudio Cifuentes dedicou sua vida ao ofício de divulgar e propagar o jazz.

Sua missão foi mais que bem sucedida. Cifu, como era conhecido, se tornou referência sobre o assunto e usou todo o seu conhecimento e didatismo para levar o jazz para as massas.

Cifu comandou os programas de rádio Jazz Porque Sí e A todo jazz por 40 anos, além de Jazz Entre Amigos, programa de TV que foi ao ar na Espanha, entre 1984 e 1991.

Morto em 2015, aos 74 anos, Cifu foi homenageado em 2017 com o livro Juan Claudio Cifuentes, una vida de jazz, una vida con swing, escrito por Antoni Juan Pastor. Na foto abaixo, Cifuentes está ao lado do pianista norte-americano McCoy Tyner.



O legado deixado por Cifu está ao alcance de todos na internet. Você encontra aqui dezenas de edições do programa Jazz Entre Amigos.

A cada programa, Cifu retrata um músico de jazz, conta deliciosas histórias sobre sua trajetória e apresenta shows na íntegra. Entre os músicos retratos estão nomes como Oscar Peterson, Charlie Parker, Ben Webster e Pat Metheny.

Também estão disponíveis dezenas de programa A Todo Jazz. Você pode ouvi-los aqui. Entre as edições estão especiais com Bill Evans, Stan Getz, Dave Brubeck, entre outros. Saiba mais sobre Cifuentes no site oficial do jornalista. Clique aqui

Abaixo você encontra uma edição na íntegra do programa Jazz Entre Amigos

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Squirrel Nut Zippers - Bedlam Ballroom

Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados por mim. Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia (dicas de CDs, DVDs, livros, entrevistas e muito mais) - você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.

Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui

Squirrel Nut Zippers - Bedlam Ballroom (2000)

No início da década de 1900, o cenário do jazz foi invadido por uma nova onda, o neo swing. Grupos como Big Bad Voodoo Daddy, Royal Crown Revue, Cherry Poppin’ Daddies e até mesmo Brian Stezer, ex-vocalista do grupo Stray Cats, trouxeram a essência do dixieland e do hot jazz para uma geração de ouvintes que dificilmente se interessariam por esse tipo de jazz, que dominou o cenário musical norte-americano no início do século XX.

Além dos nomes citados, o grupo norte-americano Squirrel Nut Zippers foi outro representante deste movimento. Capitaneado pelos vocalistas Katherine Whalen e Jim Mathus, os Zippers apareceram em 1995, com o disco Hot, que trazia o sucesso “Hell”. Mas o disco em destaque aqui é Bedlam Ballroom, de 2000, o quinto do grupo.

Antes de Bedlam ser lançado, o grupo passou por dois anos conturbados. O trompetista Stacy Guess morreu de overdose de heroína, Tom Maxwell, um dos compositores dos Zippers, saiu em carreira solo e a vocalista Katherine e seu marido Matheus tiveram um bebê.



Com a saída de Maxwell, é possível notar que o casal Katherine e Mathus está mais à vontade musicalmente. Acompanhados de uma pequena big band, com direito a trombone, sax, trompete e banjo, eles abrem o disco com “Bedbugs”, uma levada latina que vai fazer você chacoalhar.

Nas baladas, “Bent Out of Shape” e “Hush”, Whalen, que tem um timbre parecido com Billie Holiday, mostra uma faceta diferente dos Zippers. A mistura dos ritmos flamenco, salsa e funk cria uma atmosfera um pouco diferente dos discos anteriores, o que é muito sadio.

O suingue abre espaço nas faixas “Stop Drop & Roll”, “Just This Side of Blue” e “Baby Wants a Diamond Ring”. Para fechar, as retrôs “Don’t Fix It”, com destaque para o trombone de David Wright, e “Do It This Way”.

Apesar do neo swing não ter sobrevivido ao século XXI, o movimento serviu para resgatar a mais pura essência do jazz, quando pequenos combos andavam pelas ruas de Nova Orleans e três senhores chamados Louis (Prima, Armstrong e Jordan) ajudaram a disseminar um dos mais contagiantes gêneros do jazz, o swing.

Outro disco que vale procurar é It’s Tight Like That, do guitarrista canadense Jeff Healey. Lançado em 2006, o CD mostra uma faceta desconhecida do bluseiro, que por vários anos apresentou um programa de rádio apenas tocando jazz.

No disco, que conta com a participação do veterano trombonista Chris Barber, Healey canta, toca trompete e interpreta clássicos dos anos 20 e 30, entre eles “Keep It to Yourself” e “Basin Street Blues”.