sexta-feira, 10 de março de 2017

Paul Winter & Oscar Castro-Neves - Brazilian Days

Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados por mim. Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia (dicas de CDs, DVDs, livros, entrevistas e muito mais) - você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.

Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui

Paul Winter & Oscar Castro-Neves - Brazilian Days (1998)

No início dos anos 60, o jovem saxofonista Paul Winter e seu sexteto vieram ao Rio de Janeiro para uma excursão por toda a América Latina patrocinada pelo Departamento de Estado dos EUA.

Ao chegar, o músico foi arrebatado pela magia da então capital brasileira e pela bossa nova, que nascia sob o comando de João Gilberto, Tom Jobim, Carlos Lira, Luiz Eça e tantos outros. Esta paixão foi concretizada em 1964 com o lançamento de dois álbuns – The Sound Of Ipanema e Rio – ao lado de feras como Lyra, Roberto Menescal, Luiz Bonfá e o grupo Tamba Trio.

Durante sua temporada no Rio, além dos músicos citados, Winter também conheceu o violonista Oscar Castro-Neves e uma forte amizade nasceu. Desde então, eles têm compartilhados vários trabalhos, entre eles está Brazilian Days, lançado em 1988 e reeditado em 2006.

Esta é uma deliciosa compilação de canções “com a mesma atitude de ingenuidade que Jobim e João Gilberto tiveram quando gravaram seus primeiros trabalhos no fim dos anos 50”, explica Winter, que não se preocupou em colocar canções famosas da bossa nova para atrair o público.

Acompanhados pelo baixo de Nilson Matta e a bateria de Paulo Braga, Winter e Castro Neves conquistam o ouvinte já na primeira música, “Aula de Matemática”, de Jobim e Mariano Pinto, com destaque para o percussionista Cássio Duarte. Jobim aparece ainda em “Ana Luiza” e “Por Causa de Você”.

Em seguida vem “Coisa Mais Linda”, “Minha Namorada” e “Também Quem Mandou”, todas compostas por Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, e “Se é Tarde me Perdoa”, parceria de Ronaldo Bôscoli e Lyra.

Para terminar, o sax soprano de Winter e o violão de Castro-Neves mostram dois sambas compostos pelos mestres Vadico e Noel Rosa. A delicada “Feitio de Oração” e a irrepreensível “Feitiço da Vila”, de 1933 e 1934, respectivamente. Viva a Vila Isabel e a bossa nova e obrigado Oscar e Paul por um disco tão singelo e comovente.

A morte de Oscar Castro-Neves, em 2013, aos 73 anos, impossibilitou um novo encontro entre eles. Paul Winter, que completou 77 anos em 2016, continua seu trabalho mesclando bossa nova, folk e new age.

Abaixo você encontra duas faixas do disco. A primeira é "Se É Tarde Me Perdoa", de Carlos Lyra e Ronaldo Boscoli, e o segundo vídeo traz a música "Canto Triste", de Edu Lobo e Vinicius de Moraes.



domingo, 12 de fevereiro de 2017

Grammy 2017 - Vencedores

Na noite do dia 12 de fevereiro o Grammy anunciou os vencedores da edição de número 59. Veja abaixo quem levou o gramofone dourado para casa na categoria Jazz.

O Trio da Paz concorreu na categoria de melhor disco de jazz latino. Mas o vencedor foi o veterano pianista cubano Chucho Valdés, com o disco Tribute to Irakere: Live in Marciac.

O grande vencedor foi o veterano guitarrista John Scofield, que completou 65 anos em dezembro. O disco Country for Old Men ficou com os prêmios de melhor disco de jazz instrumental e com a melhor improvisação solo pelo tema I’m So Lonesome I Could Cry.

Best Improvised Jazz Solo
“I’m So Lonesome I Could Cry”
John Scofield, soloist
Track from: Country for Old Men (Impulse!)

Best Jazz Vocal Album
Take Me to the Alley
Gregory Porter
(Blue Note)

Best Jazz Instrumental Album
Country for Old Men
John Scofield
(Impulse!)

Best Large Jazz Ensemble Album
Presidential Suite: Eight Variations on Freedom
Ted Nash Big Band
(Motema Music)

Best Latin Jazz Album
Tribute to Irakere: Live in Marciac
Chucho Valdés
(Jazz Village)

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domingo, 8 de janeiro de 2017

Michel Petrucciani - Solo Live

Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados por mim. Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia (dicas de CDs, DVDs, livros, entrevistas e muito mais) - você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.

Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui

Michel Petrucciani - Solo Live (1999)

O pianista francês Michel Petrucciani conseguiu sair da Europa e mostrar sua técnica deste lado do Atlântico. Em quase 20 anos de carreira, ele deixou claro que sua deficiência física - Petrucciani tinha uma doença degenerativa - não seria empecilho para se tornar um grande pianista. Entre suas maiores influências estão Keith Jarrett e Bill Evans.

Ele gravou vários discos ao vivo, alguns deles acompanhado de bateria e baixo, mas suas grandes apresentações aconteciam solo. Era aí que o ouvinte tinha a oportunidade de vê-lo por inteiro. Este é o caso do disco Solo Live, gravado em Frankfurt, na Alemanha, em 1997.

Aqui, o pianista dá uma geral em seu repertório e ainda mostra versões de consagrados compositores. Nas composições autorais, Petrucciani abre com a delicada “Looking Up”, com um arranjo à Jarrett. Já em “Chloee Meets Gershwin”, a improvisação e criatividade do músico estão em todas as notas.



Nos momentos não autorais, é possível confrontar sua técnica com as versões originais. Escute “Caravan”, de Duke Ellington, e perceba como ele consegue reinventar as notas do grande maestro. Em “Besame Mucho”, apesar de uma pequena modificação, as notas soltas e fortes de seu piano encantam. Para terminar, ele ataca com uma composição de Billy Strayhorn, grande parceiro de Ellington, em “Take the “A” Train”.

Mesmo com sua morte prematura, em 1999, com 36 anos, Michel Petrucciani manterá seu legado no jazz como um dos mais notáveis pianistas do gênero. Como Jarrett e Evans, ele provou que não é preciso “quebrar” o piano para seduzir e encantar.